Segundo registros, a  palavra demônio                  tem origem no grego daimónion e pelo latim daemoniu,                   e significa "gênio inspirador, bom ou mau, que                  presidia o caráter e o destino de cada indivíduo,                  alma, espírito. Nas religiões judaica e cristã,                  anjo mau que, tendo-se rebelado contra Deus, foi  precipitado no                  Inferno e procura a perdição da humanidade; gênio                  ou representação do mal".
Em                  paralelo e intrinsecamente associado aos demônios, há                  a conotação sobre o inferno; que, através                  de uma definição cristã bastante genérica                  é "lugar ou situação pessoal em                  que se encontram os que morreram em estado de pecado,  expressão                  simbólica de reprovação divina e privação                  definitiva da comunhão com Deus". Desse modo, o inferno  pode ser                  compreendido não como um ambiente de localização                  geográfica, mas de natureza espiritual onde habitam os                  demônios. Também, a alma dos mortos que, por penitência                  imposta pela divindade devido a uma vida de pecados,  atravessam                  a eternidade sendo martirizadas pelo fogo e pelas  angústias                  espirituais. Na Bíblia, encontram-se citações                  como "Os ímpios serão lançados no                  inferno, e todas as nações que se esquecem de Deus"                   (Salmos – 9:17) e "E deu o mar os mortos que nele                  havia; e a morte e o inferno deram os mortos que neles  havia;                  e foram julgados cada um segundo as suas obras"                   (Apocalipse – 20:13).
Entretanto, a conotação                  cultural dos demônios e o conceito de inferno são                  muito mais profundos e complexos, estando presente na  espiritualidade                  de diversas civilizações desde a antiguidade, se                  desenvolvendo, solidificando e perpetuando-se no  consciente coletivo                  até os dias de hoje.
Luz  & Trevas
 A dualidade entre bem e mal, céu e  inferno,                  Deus e diabo, luz e trevas é primordial nas doutrinas e                  crenças de vários povos. Uma vez que é através                  desta bipolaridade que se permite desenvolver outros  princípios                  básicos como a busca de um ponto de equilíbrio  existencial                  ao indivíduo e os frequentes combates entre estas  forças;                  ou seja, uma conjunção entre poderes distintos,                  de criação e destruição capazes de                  dar origem ao universo.
 Este preceito pode ser observado, por  exemplo,                  em Baal, a divindade mesopotâmica da  fertilidade                  e do furacão (como uma metáfora de vida e destruição).                  Da mesma forma que a idéia de dois mundos distintos, um                  bom e um mal que caracteriza Céu e Inferno, surge da  combinação                  das culturas de persas e caldeus.
Demônios                   na Antiguidade
 Os primeiros registros culturais sobre a  existência                  destes seres encontram-se nas civilizações da  Mesopotâmia,                  Persa e Egito. Neste momento, catástrofes naturais,  doenças                  e guerras já são atribuídas a estas criaturas.                  Ainda, acreditava-se que desertos e florestas seriam  ambientes                  propícios aos demônios e as habitações                  que não estivessem devidamente protegidas estariam  vulneráveis                  à sua ação maligna.
 Nas doutrinas espíritas, os demônios                  simplesmente não existem; pois, sua existência seria                  contra a própria natureza divina de amor e bondade. No                  entanto, aceita-se que espíritos em estado de evolução                  ainda bastante primitivo; ou seja, aqueles que ainda não                   atingiram uma elevação suficiente para libertarem-se                  do mundo profano e mantém-se imersos em ignorância                  espiritual, possam assumir uma condição maléfica                  e influir negativamente no processo natural de evolução                  humana; sendo assim, associados aos demônios.
No                        ponto de vista judaico-cristão, que é certamente                        o mais difundido, os demônios são anjos                        de natureza divina que se rebelaram contra a  própria                        criação. Neste aspecto, Lúcifer é                        a entidade mais conhecida e considerada superior  as outras                        classes hierárquicas do panteão demoníaco.                        Sendo também considerados criaturas malignas que                        interferem diretamente na existência humana  provocando                        enfermidades, catástrofes natu- rais, desarmonia                        e infligindo-lhes tentações com intuito de                        desviá-la do caminho divino. Ainda, aceita-se a idéia de que estes  seres                  possam tomar posse do corpo físico de cada indivíduo                  e influenciá-lo negativamente (conhecida como possessão                  demoníaca). Neste caso, faz-se necessário o uso                  do exorcismo como                  meio de expulsar o espírito do corpo tomado. A própria                  Bíblia cita "Porque tinha ordenado ao espírito                  imundo que saísse daquele homem; pois já havia muito                  tempo que o arrebatava. E guardavam-no preso, com  grilhões                  e cadeias; mas, quebrando as prisões, era impelido pelo                  demônio para os desertos" (Lucas – 8:29);                  e "E, quando vinha chegando, o demônio o derrubou                  e convulsionou; porém, Jesus repreendeu o espírito                  imundo, e curou o menino, e o entregou a seu pai"  (Lucas                  – 9:42).
 Em práticas ocultistas é comum o                  exercício de conjuração demoníaca                  com o objetivo de que estes seres se submetam à vontade                  do magista de modo a proporcionar-lhe "vantagens" na                  vida cotidiana. Entretanto, obviamente, é estabelecido                  um pacto de troca no qual o conjurador compromete-se a  "pagar"                  ao demônio com um sacrifício ou, como é conhecido                  popularmente, "vendendo a própria alma".
Demônios                   Medievais
 Na Idade Média, mais precisamente no  período                  conhecido como Baixa Idade Média, a própria Igreja                  Católica, através da intolerância religiosa                  que tinha os tribunais inquisitórios                  como mais eficiente instrumento de repressão, colaborou                  com o fortalecimento da imagem dos demônios atribuindo a                   adoração às divindades pagãs ao culto                  demoníaco; da mesma forma que enfermidades que não                  podiam ser diagnosticadas eram relacionadas à ação                  diabólica.
 Curiosamente, o Bispo de Tusculum, em  1273, concluiu                  que 133.306.668 de anjos, durante nove dias, se  rebelaram contra                  o Criador, na Guerra do Paraíso. Em 1460 este número                  foi confirmado pelo Bispo espanhol Alphonsus de Spina. O  apócrifo                  Livro de Enoque afirma que 200 anjos copularam com  filhas dos                  homens e geraram uma raça de gigantes conhecida como  Nephilim.                  O Talmude (registro principal do judaísmo rabínico)                  estipula uma população demoníaca de 7.405.926                  criaturas.
 No entanto, ainda no período medieval,                  havia uma questão existencial em relação                  à natureza do bem e mal que a própria Igreja  protagonizava:                  se Deus, criador do universo, é essencialmente bom,  porque                  permitira que suas próprias criaturas angelicais fossem                  tomadas pela vaidade e orgulho, a ponto de rebelarem-se e  tornarem-se                  representações do mal?
 Santo Agostinho respondeu a questão com                  o argumento do livre-arbítrio, no qual, quanto mais  próxima                  a criatura estiver de Deus, (anjo ou homem), maior é seu                   poder de discernimento; podendo assim optar em seguir o  caminho                  divino ou renegá-lo em virtude da trilha demoníaca                  do mal.
Demonologia
Da mesma forma que a angelologia estuda a  natureza                  e a ação angelical, a demonologia ocupa-se do estudo                  relativo aos demônios. Sua origem pode ser associada ao                  pensamento de São Tomas de Aquino que, no século                  XIII, potencializa a figura demoníaca a partir da  iconografia                  pagã que se utiliza da junção física                  de homem-animal para representar suas divindades. Neste  caso,                  o bode, animal tido como símbolo de fertilidade, cede  patas                  e cornos para a arte medieval representá-lo como  personificação                  do mal. Neste momento, a figura de Satã é delineada                  claramente como o Anti-Cristo.
 Assim, estabelece-se uma espécie de  hierarquia                  demoníaca e uma classificação que é                  definida por "funções e poderes" de cada                  criatura. Encontra-se, por exemplo, referências aos  Súcubos                  e aos Íncubos, que seriam, respectivamente, demônios                  de natureza feminina e masculina capazes de transmutar  sua "aparência                  física" com o objetivo de manter relações                  sexuais com seres humanos durante o sono.
 Ainda, a expressão legião é                  usada na literatura ocultista (e inclusive na própria  bíblia)                  para se referir a um grupo de demônios: "E  perguntou-lhe:                  Qual é o teu nome? E lhe respondeu, dizendo: Legião                  é o meu nome, porque somos muitos" (Marcos –                  5:9).
Demônios                  Modernos
Na transição                  entre os séculos XV e XVI, com o advento do Renascimento                   e do Iluminismo, alguns aspectos da espiritualidade  humana foram                  subjugados em detrimento do progresso científico. Assim,                   a figura do demônio, inferno, dualidade e outros  elementos                  que fundamentavam as crenças da Antiguidade e Medieval,                  também ficaram esquecidos.
 Entretanto, sua  imagem se                  difundido imensamente na cultura e nas artes ocidentais,  como                  Mefistófeles em Fausto, de Goethe                  e Satã em Macário, de Álvares                  de Azevedo. Em cada uma das aparições, o demônio                  traz características distintas, ora hostil e agressivo;                  ora lúcido e irônico.
 Já em meados do  século                  XX, com início do movimento New Age, ressurgimento de  algumas                  crenças pagãs e a propagação de doutrinas                  orientais, o demônio ressuscitou como um "objeto de                  estudo" e tornou-se alvo de adoração por seitas                  como Satanismo                  e Luciferianismo;                  porém, através de perspectivas bem particulares,                  não tendo necessariamente uma relação com                  princípios históricos e culturais.
 
TEXTOS RETIRADOS DE PESQUISAS:
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